terça-feira, 21 de julho de 2020

Doe fraldas, álcool gel e alimentos

E agasalhos, cuja campanha de arrecadação em Caxias do Sul termina agora no sábado (25). E vai fazer frio de novo neste inverno.

O Banco de Alimentos de Caxias do Sul há alguns dias fez um apelo, destacado por vários meios de comunicação, para que as pessoas doem mais comida, diante de um quadro de queda nas doações desde o início da pandemia. Mas também são muito importantes as doações de itens de higiene pessoal, como álcool gel, sabão, desinfetante e fraldas.

Todos esses itens podem ser doados da mesma maneira: no supermercado. Quando for fazer compras, se puder, compre um item a mais para doar para quem precisa. Feijão é um alimento importante sempre, entre outros, mas o apelo mais recente do Banco de Alimentos é para doações de arroz, óleo de cozinha e leite.

Também é muito importante, para as pessoas que não têm condições, que elas recebam itens de higiene. Isso é inclusive fundamental durante a pandemia. Na mesma caixa da campanha "Caxias do Amor" nos supermercados, pode ser doado, além de alimentos, álcool gel, por exemplo.

Conforme a presidente da Fundação de Assistência Social (FAS) de Caxias do Sul, Marlês Sebben, não chegam muitas doações de álcool gel; por isso, quando frascos de álcool são doados, eles são incluídos pela FAS em cestas básicas para famílias com crianças e idosos. Lembrando que a FAS atende milhares de famílias em Caxias.

Mas, segundo Marlês, o que as mães procuram e a FAS não tem para doar são fraldas infantis P, M e G, bem como fraldas geriátricas para idosos. E esses são itens caros, mas que também podem ser doados nas caixinhas da campanha nos supermercados. Depois é feita uma triagem. Outros itens necessários são sabão em barra, sabão em pó, desinfetante, shampoo neutro para toda a família.

Enfim, se puder, doe algo, o que for possível para o tamanho do seu bolso. Marlês afirma: "tudo é repassado e aceito de coração".

Imagine precisar de comida e não ter, de agasalho e não ter, de um sabão para lavar as mãos e reduzir a possibilidade de contágio do coronavírus, e não ter. Então, doar é uma forma de participar de um enfrentamento conjunto da sociedade a esse tempo pesado, de saúde e economia impactadas na sociedade. E é algo que provoca uma união, um trabalho coletivo, de quem doa a quem recebe. Uma ação de solidariedade, que também é um enfrentamento a um tempo pesado de brigas e sofrimento. A união solidária é uma forma de enfrentar a discórdia tão presente atualmente.

Vale frisar que a campanha dos agasalhos vai até o sábado (25). Essa ação da Fundação Caxias que já vem de vários anos tem uma caixa própria de arrecadação nos mercados. Nem todos têm um ponto de coleta de agasalhos, mas você pode conferir os locais de doação do seu bairro neste link. Já os alimentos e itens de higiene podem ser doados na caixa da campanha "Caxias do Amor", geralmente um carrinho.



LAR DE IDOSOS e outras questões

As entidades assistenciais também precisam de doações. Um dos exemplos em Caxias do Sul é o Lar da Velhice São Francisco de Assis. Segundo a equipe do Lar, são acolhidas lá pessoas entre os 65 e os 103 anos de idade. E muitas fraldas geriátricas são usadas: de 600 a 800 por dia.

A lista de necessidades varia conforme o que o Lar vai recebendo, e hoje envolve itens como luvas de limpeza (G), luvas de procedimento (médico), fraldas GG, copos descartáveis e produtos de higiene, como água sanitária, desinfetante e detergente, além de itens de higiene pessoal, como condicionador, creme hidratante, aparelho de barbear e tesoura para corte de cabelo. Entre os alimentos necessários, estão café, óleo, margarina, biscoito salgado, pudim, mistura para bolo e leite integral/zero lactose.

Essa lista variada indica como é importante que as doações sejam diversificadas, seja para as famílias, seja às entidades. Afinal, é ruim ter que comer as mesmas coisas todos os dias. Imagina como é bom receber um biscoito, por exemplo, quando nunca se tem um. Especialmente pensando nas crianças, mas também nos idosos. No caso do Lar da Velhice, outros itens ainda são chás, farinha láctea geleias e chimias diet e papel toalha. No caso de famílias, muitas delas precisam de gás de cozinha (de que adianta receber, arroz, óleo, feijão etc., se não tem como preparar... parece óbvio, mas a gente costuma se esquecer dessa outra necessidade).

Ou seja, tem muita coisa que pode ser doada e muitas formas de ajudar. Se, no supermercado, doamos um tipo de alimento, ele vai servir para uma determinada população; se for outro, vai atender a outros necessitados. Isso significa também que há contribuições possíveis para vários tipos de doador, com tamanhos de bolso diferentes.

Ainda sobre o Lar da Velhice, ele só se mantém com doações. E é possível ajudar em dinheiro, por boleto. Para mais informações, é possível entrar em contato por what's pelos números (54) 9.8412.5530 / (54) 9.8434.8555. O telefone do Lar para mais informações é (54) 3225.1677.

Fora doar algo, produto ou dinheiro, há outras formas de trabalho voluntário para instituições. Alguém que faça um serviço de conserto por exemplo, de alguma coisa, faz um ato de doação. Então, fica essa sugestão pra você. Vamos tentar enfrentar essa situação de tempo difícil com solidariedade. E isso só é legítimo com amor, com uma genuína, e racional, vontade de ajudar alguém que precisa. Muitas vezes somos ajudados, é importante tentarmos lembrar de fazer a nossa parte. O que pudermos, se com amor, nunca será pouco. A doação está em que você se importou, e agiu: foi lá e fez.

















sexta-feira, 17 de julho de 2020

Construindo Pontes

(English version below)


Escrevo o que segue como um curso natural de um rio da minha mente e da minha alma. Desculpem os eventuais erros gramaticais. Costumo ter uma personalidade minuciosa, ou acredito que a tenho, com perfeccionismo para não deixar pequenas falhas. Mas desta vez é diferente. Escrevo porque preciso, e espero que seja bom. Porque sinto que já deveria ter feito isso há muito tempo. Mas talvez este seja o tempo. O fluxo constante de palavras não significa que não seja um ato consciente, mas que seja um pensamento com o coração. Que Deus nosso Senhor me conduza nisso. Que seja para construção.

Esse texto se trata de uma espécie de luta intelectual de Vida x Morte. Que acredito que seja uma forma de falar do centro de toda a realidade da nossa existência humana. Espero que as minhas palavras não sejam minhas, e acredito que não sejam, mas que sejam resultado de encontros que tive com outras pessoas, presenciais ou lendo textos de um conjunto de pessoas que carregaram e passaram adiante o bastão da experiência humana, cada uma ao seu modo, e que seguem falando por mim e por outros. Pode ser o que alguns intelectuais de análise de discurso chamam de intertexto. Enfim. Que sejam palavras inspiradas e direcionadas por Deus, nosso Pai Amado (ou Criador, ou Mãe também, por que não, não sei, mas, não é um texto culturalmente e cronologicamente restrito, senão o contrário, ou eu estaria sendo contraditório... mas é o nosso Deus) que tanto negligenciamos e desobedecemos e com que deveríamos conversar mais - no sentido também em que, como disse um cientista de quem não lembro o nome (a ser inserido nestes parênteses depois que eu pesquisar, se eu conseguir encontrar), se brincássemos de Deus como Deus gostaria, não teríamos muitos dos problemas que temos. Como disse um padre uma vez, Deus quer que sejamos bons, não felizes. Pode parecer contraditório, mas compreendo isso como a ordem dos fatores, que altera o produto. Buscar a felicidade sem antes buscar ser bom é morte, é não ser nada, porque como em 1 Coríntios 13, ainda que a gente saiba tudo e faça o maior sacrifício, se não tiver amor, não tem nada. Então, viver sem amor é balela. Sendo bons, seremos felizes de verdade. De outro modo, na ordem inversa, nossa existência não resiste à ideia de morte.

Sobre ser bom, existem definições possíveis, mas talvez ficar definindo o que é ser bom não seja o foco agora, embora essas definições existam. É preciso ter fé e pedir o direcionamento de Deus a todo o momento, e não se deixar abater pelos eventuais erros que cometemos no caminho. Mas tem uma lá no evangelho de Lucas em que Jesus explica o que é amar ao próximo, dando o exemplo do bom samaritano, que vê aquela pessoa caída no caminho e se move por "íntima compaixão": repare que é ao mesmo tempo um sentimento do coração e da mente. É racional e emocional.

Estive nos últimos dias com medo de morrer a qualquer momento. Que é algo que segue hoje inclusive e não posso negar. A finitude da vida é algo que amedronta, ainda mais nesses tempos pesados em que estamos e sobre os quais falei no texto anterior deste blog. Até me deu uma palpitada no coração quando comecei a escrever este texto, o que sempre assusta. Então andei pensando sobre isso nos últimos dias, e eis o que tenho a dizer de momento. Não que eu saiba alguma coisa da vida... mas de novo, quem sabe? Essa é a limitação humana. Por isso peço o direcionamento de Deus, e que essas palavras sejam algo bom.

Percebi que eu estava e ainda por vezes me pego cultuando a Morte, em vez de cultuar a Vida. E não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ou estou em uma situação, ou em outra. Se penso nas coisas que deixei de fazer, como viagens ou tais ou tais experiências extraordinárias, ou tais realizações, e fico em sofrimento porque tenho esse medo de morrer a qualquer momento e deixei de fazer coisas, estou cultuando a Morte. Porque deixo de viver o momento.

O que fazer então? Uma coisa é o encontro. Acho que nesse tempo de pandemia coincidindo com o contexto tecnológico, houve o afastamento de uma situação de encontros individuais entre pessoas. Conversas um a um. Porque se fala e se briga em grupos de família. Se discute coisas que não precisam ser discutidas. Que não são importantes. É como se estivéssemos reunidos sem estar, longe não só fisicamente, mas espiritualmente também. Então, mande aquela mensagem carinhosa e amorosa para o seu familiar e para o seu amigo, individualmente. Você vai saber o que dizer. E ouça a outra pessoa. Como diz Antoine de Saint-Exupéry na introdução de Terra dos Homens, refletindo sobre a primeira noite de vôo dele na Argentina: "é preciso a gente tentar se reunir. É preciso a gente fazer um esforço para se encontrar com algumas dessas luzes que brilham, de longe em longe, ao longo da planura". Vai conversar por aplicativo ou rede social? Converse com o coração com aquela outra pessoa diretamente, faça um encontro de mentes e corações. Porque vocês dois estão assustados, não pense que não. Mas esse encontro, baseado no amor, vai ser a luta e a resistência de vocês.

Outra coisa é apreciar as pequenas coisas. Quando penso nisso, sempre lembro da forma como vive isso um cara chamado Roger Mello, que é um ilustrador de livros infantis. Por algum motivo, está na minha lembrança algo que ele mesmo falou, ou que alguém falou sobre ele, em relação a essa questão das coisas simples. Como admirar a forma das árvores, de uma folha, de coisas pequenas da natureza. Ou grandes, como a lua cheia num céu estrelado ou uma paisagem de um dia bonito. Também penso em outras coisas nesse intertexto. Acho que Guimarães Rosa e a infância, não sei. Sobre a felicidade com coisas pequenas. Isso pode se aplicar aos meus afilhados brincando com objetos inusitados, como é o caso do Samuel com pouco mais de 1 ano e meio, e se realizando com isso, e que me lembra de mim mesmo criança na verdade. É algo que as crianças fazem. E aí vem Mário Quintana, que nos lembra que o Velho (tempo) amedronta a todos, exceto as crianças - que, simplesmente, o ignoram. E aí - olha como é o intertexto - lembro de Jesus Cristo Nosso Senhor, dizendo: deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus. Vê como nada disso é por acaso, tendo amor no coração e na mente? Então, "eu fico com a pureza da resposta das crianças" ;)

Então, o encontro, as pequenas coisas, apreciar um momento, apreciar o encontro, brincar, fazer tudo com o amor. E aí entramos no fazer com amor. As crianças e o que dizem e demonstram, e as mensagens infantis dirigidas a elas, não podem ser ignoradas, como são, pelos adultos, mas justamente essas mensagens são profundamente importantes na nossa existência humana. Olhem Frozen 2. Quando a Anna está abatida e num vazio (Morte). Ela levanta e diz que, com um passo de cada vez, é preciso seguir e fazer "a próxima coisa certa". Ou seja, não parar de viver fazendo o que é bom. E aqui penso também em fazer bem cada coisa. Mas a ordem da frase é fazer a coisa certa, e não fazer certo as coisas. Isso não é desimportante. Você pode falhar, mas vai falhar tentando, você pode fazer imperfeito, mas vai fazer. Fazer a coisa certa. Então, se tivesse que escolher a opção correta entre doar um agasalho numa campanha ou discutir com agressividade qualquer coisa com alguém (brigar), qual opção você escolheria? E entre ser gentil com a caixa do supermercado mesmo sem doar nada, ou ser duro com ela doando alguma coisa de cara amarrada, qual a opção? Não seria ser gentil com ela? (e, se puder, também doar algo a quem precisa, mas com amor, com "íntima compaixão" - se não, é balela, não vale). Isso tudo é fazer as coisas com amor. Fazer a coisa certa. Mas também buscar fazer bem cada coisa, sempre com amor. Preparar a comida com carinho para alguém com amor é tentar fazer o melhor. E também é fazer a coisa certa. No trivial está o infinito da vida humana.

E aqui vou chegar então no ponto de falar propriamente do amor. Nesse ponto em que estou escrevendo a minha esposa aparece na sala e eu abraço ela. De tantas formas a gente poderia não ter se encontrado na vida, mas nos encontramos. Quando estava sentindo palpitações e esse medo da Morte, em mais de uma ocasião eu a abracei bem forte e isso fez bem pra nós dois. E isso é tudo. É viver. É cultuar a Vida. Se doar às pessoas por "íntima compaixão" é viver. É cultuar a Vida, não a Morte. É pleno. Vale não só para uma relação conjugal. Vale para pais e filhos, irmãos, amigos, vale para "o próximo", vale para aquela pessoa com quem conversamos de coração aberto, um a um. É aqui que eu penso que o que eu deveria ter feito, e se Deus permitir, ainda vou fazer, é falar o que é bom e conversar com as pessoas, com meus pais, com minha família, com amigos. Dá um oi lá para aquela pessoa com quem faz tempo que você não fala. Se conecta com o coração. Comunique-se com essas luzes que brilham aqui e ali, pelo mundo, e com o próximo. Pode ser uma conversa trivial em um encontro fugaz, mas o infinito pode estar neste encontro.

Então, sem arrependimentos por coisas espetaculares que eu gostaria de ter realizado ou viagens que eu gostaria de ter feito, mas sim foco, enquanto eu respiro, em fazer o que é bom, pedindo inspiração de Deus para isso (porque a natureza humana é falha e perversa). Fazendo coisas com amor e me encontrando com as pessoas. Muitas vezes não é fácil, é uma luta constante. Mas a gente ainda assim pode ser super-herói nas vidas uns dos outros, não por qualidades intrínsecas, mas pela possibilidade de escolha que Deus nos dá. Se está difícil, fale com Ele, peça que te oriente. E siga caminhando. Como Johnnie Walker. (Mas sem usar o álcool como bengala, isso também trava a Vida!).

Enquanto escrevia esse texto, lembrava de uma cena, e ouvia a música correspondente. É uma das cenas mais bonitas e singelas que já vi. Aprendi com a minha afilhada Gabi, hoje com 7 anos, a gostar bastante de Miraculous, com as histórias da Ladybug. E lá tem o encontro do Adrien e da Marinette em meio à chuva na saída da escola; foi o primeiro dia em que se viram, ela ainda ressentida com uma coisa que achava que ele tinha feito. Ele entrega o guarda-chuva dele para ela. E o mestre Fu, olhando de longe, diz que eles foram feitos um para o outro. Ali tem simplicidade, tem conexão, tem amor, embora cada um veja o outro de uma forma diferente. Na história, a Marinette é apaixonada pelo Adrien, e não pelo Chat Noir. Já o Adrien é apaixonado pela Ladybug, não pela Marinette. Mal sabem eles que são as mesmas pessoas. É uma cena que, a meu ver, contém o infinito da Vida no trivial.

https://www.youtube.com/watch?v=Xp-ANgZssuo

Reparem que eu não preciso citar o Rodion Raskolnikov e a Sônia, do Dostoievski, para comunicar alguma coisa, embora poderia. A mensagem é o que é importante, e ela passa por diversas fontes ao longo da história humana, no intertexto. Não precisa ser uma obra célebre e reconhecida. Pode estar em vários lugares. Não sejam tão adultos, senão vocês correm o risco de não passarem de cogumelos, como diria o Pequeno Príncipe.

De novo então, os maiores mandamentos são: amar a Deus sobre todas as coisas, e amar ao próximo como a si mesmo. Fazer o que é bom. Com amor. Isso é cultuar a Vida, e não a Morte. Se a gente está respirando e vivo, como diz o Morpheus dentro de um elevador no Matrix: Reloaded, isso não é por acaso. Não pode ser por acaso. Então, dê o próximo passo e faça a próxima coisa certa. Não perca tempo com bobagem. Se conecte com o próximo. Aprecie as coisas simples. Viva!


P.S.:
E, respondendo a um amigo muito querido: agora sim, isso está onde deveria estar. Este texto está agora escrito, comunicado, não ficou só dentro da minha cabeça. 





I am writing what follows as a natural river flow from my mind and my soul. I apologize from the outset for the occasional odd grammar glitch (which, perhaps, should be accepted from a non-native writer, at least to a certain extent) as well as the run-on or lengthy sentences. I usually have a detail-oriented personality, or at least I think I do, with such perfectionism that writing mistakes rarely go unnoticed by me (at least in Portuguese, for sure). This time it's different, though. I am writing because I need to do so, and I hope it is good. Because I feel like I should have already done this a long time ago. But maybe this is the right time. The constant word flow doesn't mean it is not a conscious (and conscientious) act; it rather means that my thoughts are pouring out of my heart. May God our Lord guide me on this. May it be for the growth of whoever comes across it.

This text is a sort of intellectual fight between Life x Death. Which I believe is a way to talk about the core of the whole reality of our human existence. I hope that my words are not mine, and I believe they are not, but the result of every social interaction I ever experienced, whether in-person or by reading texts from an array of people who carried and passed on the baton of the human experience, each one in their own way, and who (in a way) continue to speak through me and through others. It is what some discourse analysis theorists might call intertextuality. Anyway. May these words be inspired and directed by God, our Beloved Father (or Creator, or Mother too, why not, I don't know; this is not a culturally and chronologically restricted text, it's rather the opposite - or else I would be contradicting myself... but it is our God) who we so much neglect and disobey and with whom we should speak more - also in the sense that, as one scientist whose name (to be added here once I look it up, and if I manage to find it) I can't remember: if we played God as God would like us to do, we would not have many of the problems we have. As one priest once said, God wants us to be good, not happy. It may seem contradictory, but I understand it as the order of the factors, which do alter the product. To seek happiness without first seeking to be good is death, is being nothing, because, as in 1 Corinthians 13, even though we know everything and pay the ultimate sacrifice, if we do not have love, then there is nothing. So, living without love is bullshit. By being good we will be genuinely happy. Or else, in the opposite order, our existence does not resist the idea of death.

About “being good”, there are possible definitions, but maybe looking for a definition of what means to be good is not the focus now, even though such definitions exist. It is necessary to have faith and always ask for God’s guidance, and not let oneself get disheartened by occasional mistakes one makes along the way. But there is one definition there in the Gospel of Luke in which Jesus explains what it means to love your neighbor, giving the example of the good Samaritan, who sees that person beaten and lying down on the way. The good Samaritan "took pity" on him. He was deeply moved. Notice that it is at the same time a heart and a mind feeling. It is rational and emotional. 

I have been feeling afraid of dying at any moment in recent days. Which is something that goes on still today, and I cannot deny it. The finitude of life is something that frightens me, even more so in these heavy times we are living, which I wrote about in the previous text of this blog. I even felt a heart palpitation when I began writing this text, which is something that always scares me. So, I have been thinking about this the last few days, and this is what I have to say at the moment. Not that I know anything about life... but then again, who knows anything? This is the human limitation. That is why I ask for God's guidance, and may these words be something good.

I realized that I was and still catch myself sometimes worshiping Death, instead of worshiping Life. And no one can serve two masters at the same time. I am either in one situation or the other. If I think about things that I have not done in my life, like trips, or these and those extraordinary experiences, or any realizations, and so I suffer because I have this fear of dying at any moment and I haven't done things, then I am worshiping Death. Because I stop living the present moment.

What to do, then? One thing is meeting up. I think that in this time of pandemics, coinciding with the current technological setting, the individual interactions between people waned away. One-to-one talks. Because people chat and argue in family chat groups. Things that don't need to be discussed end up in fierce quarrels. Which are unimportant. It is like we were gathered without being together, away from each other, not only physically, but also spiritually. So send that caring and warmhearted message to your family member and to your friend, individually. You will know what to say. And listen to the other person. As Antoine de Saint-Exupéry says in the prologue of Wind, Sands, and Stars, reflecting upon his first flight night in Argentina: "We must attempt to find one another. We must somehow open channels of communication between these would-be stars, flickering here and there across the land". Are you going to chat through a messaging app or social network? Speak from the heart and talk directly with that other person, make a bond of minds and hearts. Because you two are both scared, don't doubt it. But this bond, based on love, will be your fight and resistance.

Another thing is to enjoy the small things. When I think of this, I always remember the way that a dude called Roger Mello lives. He is a children's books illustrator. For some reason, it is in my memories something that he himself said, or that someone told me about him, regarding this subject of the small things. Like admiring the shape of the trees, or of a leaf, of the little things in nature. Or big things, like the full moon in a clear night sky or the landscape on a beautiful day. I also think of other things in this intertextuality. I think it is Guimarães Rosa and childhood, I am not sure. Regarding happiness from small things. Such can apply to my godchildren playing with unusual objects, as is Samuel's case, who is a little more than one and a half years. He feels gratified, which in fact reminds me of myself when I was a child. It is something that children do. And then comes Mário Quintana, who reminds us that the Oldman (time) scares everyone, except the children - who simply ignore him. And then - just look at how intertextuality works - I remember Jesus Christ Our Lord, saying: Let the little children come to me, for the kingdom of heaven belongs to such as these. Do you see how none of this is by chance, having love in your heart and mind? So, "I take and stay with the purity of the children's answers" ;)

So, personal interaction (and bonding), the small things, enjoying a moment, enjoying a meetup, playing, doing everything with love. We then come to the topic of doing things with love. Children, and what they say and show, and the messages directed at them, cannot be ignored, as they are, by adults, but it is precisely these messages that are deeply important in our human existence. Check out Frozen 2. When Anna is despondent and in a void (Death), she stands up and says that, with one step at a time, it is necessary to carry on and do "the next right thing". That is, do not stop living and doing what is good. And here I also think about doing each thing well. But the sequence of the words in Anna's line is "right thing", not the opposite; "do the next right thing", and not "do the next thing right". This is not unimportant. You can fail, but you will fail trying; you can do it imperfectly, but you will do it. The right thing. So, if you had to choose the right option between donating a warm piece of clothing for a charity campaign, or discussing aggressively with someone over anything (fight), which option would you choose? And between being kind to the supermarket cashier even if you are not donating anything for a campaign, or being harsh with them while donating something for a campaign with a grumpy face, what would be your choice? Wouldn't it be to be kind to her/him? (and, if possible, also donating something to someone who is in need, but with love, with true compassion - otherwise it is bullshit, it doesn't count). This all is about doing things with love. Doing the right thing. But it is also about seeking to do each thing well, always with love. Preparing a meal with tenderness for someone means trying to do the best. And it also means doing the right thing. In the trivial is the infinite of human life.

And so here I come to the point where I talk about love per se. At this point of my writing my wife turns up in the living room and I hug her. In so many ways we could have not met in life, but we did. When I was feeling palpitations and this fear of Death, on more than one occasion I held her tight in my arms and that was good for both of us. And that is everything. It is living. It is worshipping Life. Giving yourself to others, moved by intimate compassion, is living. It is worshipping Life, not Death. It is complete. It is true not only for a marital relationship, but also for parents and children, siblings, friends, it is true for "the neighbor", it is true for that person to whom we talk with an open heart, one at a time. This is where I think that what I should have done and, if God allows me, I will still do, is to say what is good and talk to people, to my parents, to my family, to friends. Say hi to that person to whom it has been a while since the last time you talked. Connect to them with your heart. Open channels of communication with these would-be stars, flickering here and there, all around the world, and with your neighbor. It may be a trivial conversation in a fleeting meeting, but the infinite may be in that meeting.

So, no regretting spectacular things I would like to have accomplished or trips I would like to have made, but focus, while I breathe, in doing what is good, asking for the inspiration from God for that (because human nature is flawed and wicked). Doing things with love and meeting up with people. Many times, it is not easy, it is a constant fight. But we can still be superheroes in each other's lives, not because of our intrinsic qualities, but because of the possibility of choosing that God gives us. If it is hard, talk to Him, ask Him for guidance. And keep walking. Like Johnny Walker (but not using alcohol as a walking stick - which also blocks Life!).

While I was writing this text, I was remembering a scene and listening to its accompanying song. It is one of the most beautiful and unpretentious scenes I have ever seen. I have learned with my goddaughter Gabi, who is 7 today, to be quite fond of Miraculous, the Ladybug stories. In it, there is the encounter between Adrien and Marinette amidst the rain at the school exit; it was the first day they saw each other, she still resentful about something she thought he had done. He hands his umbrella to her. And master Fu, watching from a distance, says that they were meant for each other. In all that scene there is simplicity and connection, there is love...  even though they see each other differently. In the story, Marinette has feelings for Adrien, not for Chat Noir. Adrien, by his turn, is in love with Ladybug, not with Marinette. Little do they know they are the same people. It is a scene that, in my way of seeing it, contains the infinite of Life in the trivial.

https://www.youtube.com/watch?v=3JetJP_JEMg

Notice that I do not have to quote Rodion Raskolnikov and Sonia, from Dostoievski, to communicate anything, although I could. The message is what matters, and it passes through various sources in the course of the human history, in the intertextuality. It does not have to be a famous and renowned work of art. It can be in many places. Do not be so adult, otherwise you all run the risk of being no more than mushrooms, as the Little Prince would put it.

Once again, then, the greatest commandments are: to love God above all things, and to love your neighbor as you love yourself. To do what is good. With love. This is worshipping Life, not Death. If we are breathing and alive, as Morpheus remarks inside an elevator in Matrix: Reloaded, this is not by chance. It cannot be by chance.  So, go the next step and do the next right thing. Do not waste your time on foolish things. Connect with your neighbor. Relish the simple things in life. Live!


P.S.:

And replying to a dearest friend: now that is where it is supposed to be. This text is now written, expressed, did not stay only inside my head.
























quarta-feira, 8 de julho de 2020

Tempo pesado

Volto a escrever aqui no Blog depois de sete anos e meio. Faço isso em meio à pandemia do Coronavírus.

O objetivo dessa postagem é colocar um relato pessoal que sinto a necessidade de fazer. Faço isso em meio (repetição de palavras, diria um revisor) a um quadro de saúde meu que acredito ser de ansiedade em um nível forte, patológico. Mas isso dito dessa forma pode ser interpretado de múltiplas maneiras por quem estiver lendo. Por isso, primeiro, explico o tal quadro, o que exige uma contextualização.

Hoje faz dois meses e cerca de dez dias que fui demitido do Grupo RBS, onde trabalhei por praticamente cinco anos (só faltaram dez dias para fechar redondo). Lá, atuava como apresentador e repórter da rádio Gaúcha Serra e repórter do Pioneiro. Na verdade, o que eu fazia, para dizer de um modo resumido, era um trabalho multitarefa de produção jornalística em uma redação integrada, reunindo a rádio, RBS TV, e o Pioneiro site e impresso. Fui admitido e comecei a trabalhar em 04 de maio de 2015, e fui demitido em 24 de abril de 2020, com a pandemia já em curso. A demissão partiu da empresa, que, na mesma ocasião, demitiu outros profissionais.

Cito isso porque acredito que seja relevante para o quadro, embora não seja o único fator, e talvez nem seja o mais importante. Há outros fatores que acredito que contribuam, e são justamente eles que me motivam a escrever a respeito aqui, porque fazem parte deste "tempo pesado", fatores que irei abordar mais à frente.

Explicando então o meu quadro em si: ele não ocorre como uma situação de ansiedade "normal", como sempre costumei ter ao longo da vida. Isto é, sempre foi normal para mim ficar de mãos frias e ter o meu intestino, digamos, se manifestando de forma diferente, em situações específicas. Geralmente, eu ficava assim no dia anterior quando, no dia seguinte, sabia que teria de passar por alguma situação que exigiria algum tipo de desempenho da minha parte, seja um teste na minha época de escola ou uma entrevista difícil na minha vida profissional. Eu tinha esses sintomas até a tal coisa - o teste ou a tarefa que fosse - acontecer. Passado o evento, os sintomas passavam também e eu voltava ao normal. E, em todos os casos, eu sabia a origem da ansiedade. Era sempre algo evidente, óbvio, facilmente identificável. E era essa preocupação bem aparente que desencadeava os sintomas.

Desta vez, era segunda metade de junho já, há algumas semanas: eu estava sentado no sofá da sala, à noite, fazendo algumas coisas no celular e vendo a TV eu acho, quando senti uma palpitação. Meu coração bateu estranho e começou a me dar um desconforto no peito. Eu já sabia que eu poderia ficar nervoso com algumas situações, mas ali não tinha nada óbvio, identificável, palpável, que, em tese, pudesse me deixar ansioso. Mesmo assim, tive esse sintoma físico. Tinha tido esse sintoma antes na vida, raras outras vezes, e de forma mais leve que esta.

Como não parecia ser referente a nada em particular, me deu um pânico porque lembrei de um tio que morreu do coração aos 33 anos e de uma tia que morreu na casa dos 40, além de essa ter sido a causa de morte de outros parentes. Pensei que pudesse ser um ataque do coração se formando, o que só fez eu ter mais palpitações e ter mãos suadas e meio que formigando. A intensificação dos sintomas corroborava o que eu estava pensando, só agravando o quadro de ansiedade. Cogitei ir ao plantão, mas a minha esposa me amparou e me acalmou.

Depois disso, marquei consulta com meu cardiologista, que está me avaliando. Já fiz alguns exames e tenho que retornar ao consultório com os resultados para o médico ver. Exames iniciais mais básicos indicam um funcionamento normal do coração. Familiares já opinaram que isso que tenho de fato pode ser ansiedade.

Tive receitado já nesse momento um calmante para tomar em caso de necessidade e, quando tomo, não sinto as palpitações do coração. Pelo menos tem sido assim até agora. É que não sinto os sintomas todos os dias. A situação varia muito. Há dias em que permaneço calmo, e há dias que são mais complicados.

Não sei o que veio primeiro: o ovo ou a galinha? Seria uma arritmia, digamos, "natural", que desencadeou a crise de ansiedade, ou a ansiedade desencadeou esse sintoma cardíaco, que, por sua vez, retroalimentou a ansiedade? Essa resposta ainda não tenho neste momento.

De qualquer forma, ela, a ansiedade, está presente. E isso provavelmente por conta de vários fatores que resultam nesse "tempo pesado" que estou percebendo.

Em primeiro lugar no que me vem à mente (não que seja mais importante; talvez seja, talvez não), a incerteza, a falta de perspectiva é um forte fator desse peso geral. Até quando vamos viver desse jeito diferente, usando máscaras, limpando as coisas com álcool 70% e lavando as mãos com muita minúcia e frequência, evitando aglomerações e com recomendações de distanciamento social? Com a imprevisibilidade de quem pode ser infectado e de quem poderá desenvolver forma grave da doença? Com regimes de abertura do comércio e serviços em geral que podem mudar a cada semana em função da ocupação de leitos hospitalares? Sem aulas nas escolas e com movimento baixo nas ruas? Esse cenário dilacera a economia, afeta muito a confiança das pessoas para tudo, não só para consumir, mas para desempregados como eu encontrarem um emprego, quem continua empregado em continuar empregado, ou quem está parado ou quebrado investir em algum tipo de atividade econômica, sabendo que as chances de sucesso são pequenas  agora e que levará algum tempo para voltar ao normal depois que a parte pior da pandemia passar. E essa anormalidade de movimento nas ruas, a ausência de  vans escolares, de mais carros, de mais ônibus, de  mais gente para lá e para cá vivendo uma vida normal, causa angústia. Ficar sem ver membros da própria família causa muita angústia.

Outro fator é a morte em si e o contexto em torno dela. A dor das famílias que perderam seus entes queridos é algo sobre o que não posso falar, apenas lamentar com muita tristeza. E quem não perdeu um ente querido ou não foi hospitalizado teme pela própria saúde e de seus familiares. Outra questão é que a morte por covid-19 não permite velar os mortos, o que traz mais sofrimento ainda às famílias. Mas há mortes por outras causas também e, com isso, há a preocupação de que possa haver mortes pela eventual ausência de atendimento hospitalar diante de um quadro de superlotação em função da pandemia. Some-se isso à incerteza de até quando essa situação vai continuar e acredito que tenhamos um terreno fértil para a ansiedade.

Mas há mais um fator de muita preocupação, e que já estava assim antes da pandemia e inclusive dividindo famílias: a agressividade de muitas pessoas. A agressividade para opinar, uma ironia ferina para machucar, a mania de rebater com fel aquilo que outros dizem, essa coisa dos nervos à flor da pele. Isso se manifesta muito na política. Quando a pandemia chegou, a discussão no campo político se misturou muito com a própria pandemia no que diz respeito às medidas adotadas por líderes políticos para conter as perdas com a doença e as divergências entre atores políticos refletidas de forma geral na sociedade. Vivemos muitas brigas, muita maldade verbal, que encontra nas redes sociais um catalisador. E isso também faz muito mal.

Então, faço um apelo a todos que por algum motivo vierem a ler isso. Não provoque mais peso ainda neste tempo já pesado. Por favor. De um ponto de vista emocional, seja a cura, e não a doença. Não busque embates, saia dessa. Vamos agir para diminuir esse peso todo. Diga coisas boas, seja gentil, ignore provocações e manifestações pobres de espírito. Ligue para conversar com seus familiares e amigos, troque palavras doces com as pessoas. Não sabemos quanto tempo cada um de nós tem aqui ainda. Então, por favor, vamos fazer valer cada palavra, que ela seja de cura e de apoio, que seja de bem de verdade, que seja de amor, não de ódio, não de indiferença, não de agressão.

Por favor.